Quando duas pessoas de mundos completamente diferentes são diagnosticados com cancro e colocados no mesmo quarto de hospital, uma ligação é criada. Nesse momento vêm a saber que têm pouco tempo de vida e num acto de auto-identificação por parte de Carter Chambers (Morgan Freeman), cria uma lista de últimos desejos. Quando Edward Cole (Jack Nicholson) descobre essa lista, convence Carter a concretizar esses desejos antes que o tempo se esgote para os dois. Nunca é tarde demais é uma viagem sentimental que nos leva a pensar se algum dia podemos e teremos a coragem de realmente fazer aquilo que um dia sonhámos.

Confesso que esta semana, a minha vontade era ver o Nevoeiro misterioso (The mist), mas como não estreou cá ( talvez para a semana.... ), decidi ver o outro filme a que dava destaque- Nunca é tarde demais. E não sai desapontado! Antes de mais, este era um filme em que eu, pessoalmente, já tinha colocado num patamar acima, visto ter dois dos meus actores favoritos: Jack Nicholson e Morgan Freeman. E, sem dúvida, é o que melhor há neste filme que contém um argumento um pouco idealista, composto por Justin Zachman. É uma história que por vezes se vem questionar certa veracidade de momentos protagonizados no filme, como é o caso de dois pacientes com cancro em fase terminal escalarem o Monte Evereste ou fazerem pára-quedismo. Mas nem isso, estraga uma história que acima de tudo demonstra o valor da vida e da amizade. É gratificante ver duas pessoas concretizarem aquilo que mais gostavam de fazer e fazê-lo na pior altura da vida, quando o tempo se escasseia. Nunca é tarde demais toca-nos de uma forma especial e faz-nos pensar de certa maneira se é tarde demais para nós mesmos fazermos aquilo que um dia sonhámos fazer.
Mais uma vez, Jack Nicholson arranca aqui mais uma grande interpretação como só ele sabe. Por vezes consegue ofuscar um pouco Morgan Freeman, que está presente sempre ao longo da história com a sua postura calma e a sua voz sonante e pausada como só Freeman consegue fazer. Anteriormente, em Máximo 10 unidades (10 items or less ) nos tinha dado umas dicas como ler ou narrar. E agora, aqui em Nunca é tarde demais, volta a colocá-las em prática, narrando os eventos da história e os seus pensamentos. É um facto que é sempre um prazer ouvir a voz de Morgan Freeman por detrás de certas situações, mas aqui penso que não havia necessidade da sua personagem estar a relatar os eventos que antecederam à morte mais que prevista dos dois. Foi algo desnecessário e, de certa maneira, um pouco cliché.
Nunca é tarde demais não tenta ser pretencioso, dando-nos um drama de arrancar lágrimas ao espectador, mas tenta-nos 'suavizar' a dor com algum humor, muito por parte de Jack Nicholson, que aqui é o alívio cómico. Esse drama era todo esperado com uma premissa assim, mas aqui é nos dado um olhar optimista de um final de vida. Achei bastante interessante não optarem pela questão religiosa da história, onde por vezes é mencionada a fé, mas mesmo a personagem de Jack Nicholson não consegue perceber como é que uma pessoa consegue ter fé. O seu não-acreditar tira-nos fora dessa questão que é tão presente em filmes como este, o que não torna Nunca é tarde demais num filme pesado, mas sim fresco e fácil de visionar.
Talvez o que seja mais fácil de notar no que está fraco neste filme, é talvez a pós-produção e os seus blue/green screens, onde é perceptível o que é real e o que realmente não está lá. Podiam ter explorado melhor estes campos, ou darem outra volta a certas questões de fotografia e luz.
Nunca é tarde demais é recomendável a todos, pois tem dois formidáveis actores que não se precisam esforçar para nos dar duas interpretações conseguidas e bem executadas. E, acima de tudo, é uma história com um valor sentimental elevado que nos dá uma perspectiva de vida e amizade.